domingo, 16 de outubro de 2016

Os cristões e a homossexualidade.

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O argumento cristão para com os homoafetivos deveria começar mostrando igualdade.
“Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus; Sendo justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.” Rm3:23-24
Estamos diante de uma séria discussão nos tempos de hoje. A homossexualidade e a aversão total e extremista à mesma, a homofobia, tem tomado conta dos noticiários das mais variadas formas. Nesse cenário tenho me perguntado qual o papel dos cristãos em relação ao assunto. Será de ódio contra ódio e sentimento de “perseguição”? Nós cristãos já fomos celebrados por defender os direitos humanos, veja os exemplos da defesa dos negros no Apartheid na África do Sul ou de Martin Luther King nos EUA. Mas parece que somos incapazes de, ao menos, formular um argumento que mostre a homossexualidade invariavelmente como pecado, apresentando a Graça através disso.
Assim, na mente volátil do mundo pós-moderno, a igreja vai perdendo o seu papel de atuação na sociedade, tornando-se desnecessária e ultrapassada e sendo substituída por qualquer um que deseje adotar uma postura “politicamente correta”.
Nem sempre compreendi a homossexualidade. Parti da argumentação cega como aqueles que acham que é simplesmente “falta de vergonha na cara”, até chegar à argumentação nenhuma, onde é melhor ignorar o problema, orar e ver no que dá, se não der, varre para baixo do tapete.
A maioria dos cristãos adota uma dessas abordagens (ainda há outro extremo que passam a aceitar tudo em nome do “amor”, e creio que seja por se combater um extremo com outro). Percebo então que a nossa forma de enxergar a homoafetividade está diretamente relacionada à forma como enxergamos o evangelho. Pensando no assunto me veio à mente os versos 23 e 24 citados anteriormente. Resolvi ler todo o capítulo novamente e me surpreendi.
No capítulo 3 de Romanos, Paulo começa respondendo vários questionamentos, e nos mostra quem nós somos perante Deus. Não distingue ninguém, não separa nem judeus de gregos (gentios), mas antes os coloca em uma mesma condição.
Nos versos de 10 a 18, Paulo mostra o “fundo do poço” da condição humana.
“Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
Aqui o texto fala de todos, sem exceção. Olhar para isso me fez compreender um pouco mais a o tema, pois se estamos todos na mesma condição, alguma coisa em comum tem o hetero com o homossexual. Essa “coisa comum” é o pecado, não há como sair disso.
Poderíamos ler o verso 10 dessa forma:
“Como está escrito: Não há um justo sequer. Não há heterossexual, homossexual, bissexual, transsexual ou travesti. Não há branco, negro, amarelo, vermelho ou mestiço. Não há pastor, padre, pai-de-santo, médium, monge ou qualquer outro sacerdote. Não há um ateu. Não há rico nem pobre, mulher ou homem. Não há um justo sequer.”
Creio que, se Paulo estivesse conosco hoje ele concordaria em dizer algo semelhante. Ele coloca todos os seres humanos em iguais condições e isso faz uma enorme diferença quando tratamos do assunto. Uma das maiores ofensas que um homem ocidental pode sofrer é ouvir xingamentos sobre sua mãe ou ser “tachado” de “veado”. São insultos populares, mas ninguém atreveria a usar o termo “adúltero” ou “mentiroso” ao insultar alguém. Mesmo tudo isso sendo pecado, e para o terror do homem “macho”, sobretudo ocidental, as escrituras o coloca no mesmo nível daquele que, além dessas coisas, pratica a homossexualidade.
Nesse sentido, temos todo o motivo para desenvolver um pensamento mais coerente com as escrituras. A única forma de redenção da situação que nos encontramos é de posse divina. Foi Deus que enviou a Cristo, e é a Ele que pertence a salvação, que nos foi dada por pura graça, sem qualquer merecimento. No capítulo 2 de Efésios encontramos uma boa explanação para isso.
”(…)Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também. Mas Deus, que é riquíssimo em misericórdia, pelo seu muito amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (…). Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie;”
Não podemos ser condescendentes com o preconceito, pois daríamos lugar à nossa a ira. Veja a mulher adúltera (João 8:3-11). Qual a resposta de Jesus? A mulher poderia ser apedrejada? Pela lei, claro! Mas a ira de Deus se encerra em Cristo para que os escolhidos sejam redimidos. Mas, essa ira uma vez encerrada, o que ficaria então nos corações dos acusadores? Somente a ira humana, que em nada produz justiça, por isso “aquele que não tem pecado” mostra, além de que todos estão na mesma condição, de que a ira humana camuflada de lei em nada endireita as coisas, antes gera ódio contra ódio e ofusca a comunicação do evangelho. Além disso, Jesus também deixa claro que não compactua com o pecado, pois declara à mulher “vai-te, e não peques mais”.
Mesmo crendo que fui chamado por Deus para perto, através de Cristo, isso não me torna melhor que ninguém, pelo contrário, não me dá ao menos direito de compactuar com a homofobia. Mas antes, me torna um servo de Cristo e servir é carregado de responsabilidades.
Devemos exortar sem nos esquecer de amar. O pecado é indiscutível, mas a Graça é maior e alcançará a muitos homossexuais. Deus usará a sua igreja para isso, de acordo com a Sua perfeita vontade. Que estejamos prontos para comunicar o evangelho dessa Graça, sem fazermos distinções.

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